11 março 2012

Como manifestar a sua capacidade

Como manifestar a sua capacidade

Que é que você irá ser no futuro?

Será que você já decidiu claramente que é que fará futuramente? Ou seja, já decidiu que profissão abraçar, ou que rumo seguir na vida?
Creio que muitos estudantes do curso médio ou secundário ainda não decidiram, e isso é algo natural. Eu também não sabia claramente que direção seguir na época em que cursava o curso médio. Aliás, naquela época, o curso médio tinha a duração de cinco anos, mas consegui concluí-lo na quarta série.
Isso porque era possível prestar exame para ingressar no curso secundário ao concluir a quarta série do curso médio. O curso secundário no qual ingressei foi a Sexta Escola Secundária, localizada em Okayama.
Na época em que estudava no curso médio, eu gostava muito de Matemática, como também de Física. Por isso, achava que seria futuramente um engenheiro ou profissional semelhante, e escolhi o curso secundário dessa área. É um fato curioso que eu tenha escolhido um rumo totalmente diferente das funções religiosas que estou exercendo agora.
Portanto, nada há de misterioso, mesmo que você ainda não tenha definido em sua mente que profissão escolher para o futuro, e não vejo nada de errado nisso. Mas creio que exista quem já tenha definido o rumo que pretende seguir no futuro, e esteja dedicando-se aos estudos dessa área (por exemplo, a música). Creio que isso também seja algo muito conveniente.
Sempre é melhor ir desenvolvendo desde pequeno o estudo de música, Matemática, idiomas ou artes. Caso contrário, acabará terminando esta vida sem ter desenvolvido suficientemente o talento com o qual nasceu.

Terá utilidade, com certeza

Seja qual for a escolha, o ser humano possui capacidade infinita, pois nele está oculta a maravilhosa natureza divina. Por isso, conforme os treinamentos e adestramentos, um talento realmente extraordinário se desenvolve cada vez mais. Guarde isso firmemente em sua mente.
Mas, que deve fazer uma pessoa que, apesar de desejar se dedicar a algo com firmeza, ainda não conseguiu definir seu objetivo? Mesmo assim, não há nenhuma necessidade de se impacientar. Se estiver cursando o ensino médio, basta que estude com afinco as matérias desse curso e, se ingressar no curso secundário, continue estudando e, até definir o rumo da sua vida, faça o possível para estudar e treinar muitas coisas.
Assim, seja qual for o trabalho que você desempenhar no futuro, aquilo que veio fazendo até agora será, com certeza, de muita utilidade. Quando se considera apenas um período bem curto da vida, a pessoa pode sentir que algo foi feito em vão. Mas, durante o longo período da vida, com certeza, terá alguma utilidade e fará com que a capacidade dela se amplie e desenvolva.
Por exemplo, algo que alguém treinou com a mão direita, sem perceber, estará conseguindo fazer, até certo ponto, também com a mão esquerda. Isso porque o mesmo cérebro controla as duas mãos.
De modo análogo, o estudo de Matemática será útil na Música, na Literatura, na política e também nos negócios. O estudo de línguas estrangeiras serve para qualquer profissão, e assim, todo conhecimento alarga o modo de pensar das pessoas e aprimora a capacidade delas.

Treinamento básico

Se você pensa em efetuar apenas pequenos trabalhos que qualquer pessoa consegue fazer, basta treinar somente isso; mas, se deseja efetuar uma grande e importante obra, necessita impreterivelmente de treinamento em diversas áreas. Para esse treinamento, exige-se amplitude.
Por exemplo, para construir um prédio alto, é preciso um terreno amplo. Num espaço de um metro quadrado, será impossível construir um prédio de vários andares. O monte Fuji se ergue majestosa e firmemente porque tem um sopé bem amplo.
De modo similar, se você deseja efetuar um trabalho magnífico, não o conseguirá apenas com estreitos conhecimentos da sua área profissional. Para conseguir efetuar um julgamento mais generalizado e poder decidir sobre um trabalho, é importante possuir vastos conhecimentos básicos, e também ter acumulado suficientes treinamentos.
Segundo minha própria experiência, os conhecimentos gerais de Matemática, Física e Ciências estão sendo muito úteis para mim ainda agora. A Matemática não só adestra a capacidade de efetuar cálculos e expressões numéricas, como também estimula a intuição e, indo mais além, cultiva a sensibilidade estética.
E penso que, graças aos estudos de Matemática e Física, foi cultivada em mim a capacidade intuitiva de discernir entre a fé verdadeira e a crendice, entre o belo e o feio, entre o certo e o errado. Por isso, penso que eu deveria ter estudado mais essas matérias, e que todos os políticos, empresários e religiosos também deveriam efetuar muitos treinamentos básicos dessa categoria.

Ter lógica

O interesse que senti por Matemática e Ciências foi transferido, depois, para Literatura e Filosofia. E, quando cursava a segunda e a terceira séries do curso secundário, lia somente livros dessa área e, na universidade, ingressei na faculdade de Psicologia. Essas matérias parecem não ter relação direta com a religião, mas, na raiz, têm grande relação. Por isso, ainda hoje, sinto muita gratidão a tudo que aprendi na minha época estudantil e, simultaneamente, lamento o fato de ter sido um tanto preguiçoso e não conseguir ser um estudante melhor.
Se eu tivesse conhecido a Verdade “homem, filho de Deus” desde a idade dos jovens leitores, que teria acontecido? Certamente, teria estudado com mais afinco e recebido bons treinamentos.
Além de tudo, na época em que estava no curso médio, havia o treinamento militar, e recebi disciplina bastante rigorosa. Se fosse agora, teria-me dedicado a essa disciplina com maior seriedade, mas, naquela época, não a levava muito a sério. Os colegas da época do curso secundário eram geralmente assim.
Por isso, quando ouço alguém dizer que os jovens daquela época do militarismo eram disciplinados, mas que os de hoje não o são, sinto uma certa estranheza. Creio que há certo exagero nessa afirmação. Nem todos se interessaram pelas histórias de lealdade ao Imperador e amor à pátria.
Eu passei a ter sentimento verdadeiro de amor e dedicação à pátria, não por ter recebido essa educação naquela época, mas por conhecer a Seicho-No-Ie. Da visão materialista de vida que tinha naquela época, jamais iria sentir a verdadeira alegria, nem amor à pátria.
Não significa que iria compreender o Japão só por ter recebido “educação clássica”. Naturalmente, nem sempre significaria saber o verdadeiro valor do Japão. Por mais que alguém leia o Kojiki (o mais antigo livro da História do Japão), estude o Nihon Shoki (primeiro livro de História oficial do Japão), leia o Ōkagami (História do Japão da era Heian – 794-1192) e o Genji Monogatari (História de Genji), não se pode afirmar que compreende o verdadeiro valor do Japão e do Imperador. Compreende-se isso sucessivamente, só quando é trespassado pela linha de pensamento da Seicho-No-Ie pregado pelo mestre Masaharu Taniguchi.

É um mundo desigual?

Por isso, desejo que, de algum modo, os ensinamentos da Seicho-No-Ie sejam conhecidos ampla e profundamente por muitos jovens. Em vez de aprender por meio de árduo esforço, será bem mais proveitoso aprender com satisfação.
Aliás, isso não se limita à aprendizagem escolar. Mesmo para praticar esporte, se alguém o fizer sob o conceito de que o ser humano é corpo carnal, sentirá inevitavelmente limites na própria capacidade e a contradição de que apenas pessoas especiais são agraciadas por certas habilidades. E, no final, pensará “Sofro tanto, porque meus pais não me geraram como uma pessoa mais perfeita”, e passará a canalizar a vazão da sua insatisfação em direções absurdas. Entretanto, não existe pessoa que seja perfeita fisicamente, como também, cada qual tem a sua capacidade mental. E, por mais que diga que todos são iguais, isso não passa de consolo, pois não existem corpos carnais absolutamente iguais. Tudo é diferente: o tamanho, o rosto, a cor etc.
Se o corpo carnal fosse o homem, seria preciso declarar e certificar claramente que os seres humanos são desiguais. E, sendo desigual a parte externa, a interna também seria desigual, seria bastante limitado o número de pessoas com capacidade e talentos, e teríamos de reconhecer que este é um mundo humano desigual.

Escavar tesouros

Mas, chegando a esse ponto, por mais que reformassem o sistema social, achando que não está bom, um corpo carnal imperfeito não se tornaria perfeito com isso. Não obstante, certas pessoas pregam a igualdade, dizendo que o mundo será feliz quando as classes inferiores passarem a ser a classe dominante. Entretanto, isso apenas está invertendo as posições, e a desigualdade continuará a existir.
Desse modo, não acabarão as contradições, as agruras e as desigualdades deste mundo. É imprescindível que ocorra a mudança de conceito do que é o ser humano: de homem carnal para homem sagrado. Sem compreender isso, não se compreenderá verdadeiramente o conteúdo dos livros clássicos do Japão; e, compreendendo isso, acabará a falsa ilusão de que toda escritura antiga é verdadeira e correta.
E, sendo o ser humano um espírito que transcende o corpo físico, por mais que as pessoas pareçam ser desiguais fisicamente, são espiritualmente iguais; e, como a capacidade intelectual faz parte da alma, poderá desenvolvê-la infinitamente.
Enquanto a pessoa estiver pensando que é este corpo carnal, a sua capacidade infinita jamais se manifestará. Além disso, não compreenderá a igualdade, a preciosidade nem a razão de viver do ser humano. Mas, quando compreender que o homem é filho de Deus, que o homem é Deus, é Buda, é a maravilhosa e imortal natureza espiritual, tudo será solucionado, e sentirá a razão de viver.
Se desse modo sentir a razão de viver e compreender que possui capacidade infinita, essa capacidade começará a se manifestar, e a pessoa sentirá desejo de se esforçar mais ainda, para manifestá-la cada vez mais.
Se alguém dissesse para você cavar sem motivo um buraco aqui neste terreno, conseguiria fazer isso com seriedade? Creio que não. Mas, se alguém lhe disser “Aqui está enterrado um tesouro infinito, por isso, cave”, você começará a cavar com todo o empenho, se acreditar nisso.
Do mesmo modo, como a nossa capacidade não está no corpo físico, mas na nossa natureza originária, ela existe de fato. Portanto, vamos treinar a fim de manifestar isso. Se começarmos agora, do ponto que está ao alcance das nossas mãos, conseguiremos manifestá-lo.
Desejo que o leitor desenvolva suas capacidades ao máximo, sem deixar passar a ótima oportunidade do período juvenil, e se torne cidadão(ã) que seja útil à Nação.
Do livro Inoti ga Moeru (tít. prov. A Chama da Vida) pp. 44-53


Mundo Ideal - Dezembro / 2007

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